"Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente" (Clarice Lispector).







quarta-feira, 25 de maio de 2011

Descoberta...

"Quando me surpreendo ao fundo do espelho assusto-me. Mal posso acreditar que tenho limites, que sou recortada e definida. Sinto-me espalhada no ar, pensando dentro das criaturas, vivendo nas coisas além de mim mesma. Quando me surpreendo ao espelho não me assusto porque me ache feia ou bonita. É que me descubro de outra qualidade. Depois de não me ver há muito quase esqueço que sou humana, esqueço meu passado e sou com a mesma libertação de fim e de consciência quanto uma coisa apenas viva. Também me surpreende, os olhos abertos para o espelho pálido, de que haja tanta coisa em mim além do conhecido, tanta coisa sempre silenciosa".

Clarice Lispector, Perto do coração selvagem, Editora Rocco, p. 68

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Palavras

Queria ter o poder de ajuntar todos os meus pré-julgamentos que estão repousados nos corações das pessoas as quais os confidenciei. Tomaria um por um e os queimaria na fogueira da tolice. Constantemente me pego sobre o mesmo julgo, ao qual, impetuosamente, julguei. Minha pessoa diariamente se encontra entre o descanso do perfeito martelo e a mão do justo Juiz: miserável homem que sou...

Constatação

Marx estava correto ao afirmar que o capital regia, moldava e alterava (a conjugação correta seria: regi, molda e altera) todas as relações sociais. Tal constatação cai como uma luva em certos círculos de fraternidade, bem na verdade, em determinados indivíduos.